Por que os 10% não viram 90%?

O programa para as mulheres empreendedoras estava incrível – convidei consultoras de diversas áreas da empresa para participarem como voluntárias do programa: adotariam uma empreendedora e participariam de todas as reuniões de mentoria. Eu queria que elas passassem pela mesma experiência do que eu! Ampliassem os seus modelos de mulher, aprendessem mais sobre como os negócios funcionam com casos reais e desenvolvessem seu próprio networking, num ambiente confortável e seguro. Acreditava que, desta forma, eu estava contribuindo para a formação de novas sócias: a passagem pelo programa seria parte do seu desenvolvimento pessoal e profissional.

5 das consultoras que estavam participando do programa me procuraram, pedindo mais! Queriam participar do desenvolvimento do conceito do Programa, aumentar a sua visibilidade (tanto interna quanto externa) e ampliar a divulgação para as empreendedoras. Criamos o critério de seleção, as mentoras passaram a ter voto na seleção das empreendedoras e as consultoras escolhiam quem elas gostariam de apoiar. Tínhamos reuniões periódicas (café-da-manhã, almoço ou jantar) para alinharmos o que estava sendo feito e delegar tarefas. Passamos a discutir propósito e o que estávamos vivendo. Era tudo muito mágico: estávamos co-criando juntas o formato do programa, de uma forma leve, sem hierarquia, tendo, como base, princípios comuns e compartilhando a mesma visão. Ao criarmos um ecossistema propício para ajudar as mulheres empreendedoras a crescer os seus negócios (rede de contatos e conteúdo prático), estávamos promovendo igualdade de gênero (dentro e fora da empresa).

Aos poucos, comecei a perceber que essa era minha fonte de energia, era o momento em que eu me realizava. Tive oportunidade de conhecer a Alice Freitas, uma grande empreendedora social (que virou minha inspiração!), e a Cristiana Oliveira, fundadora de um hostel sustentável incrível na Babilônia, Rio de Janeiro. Era um mundo novo que estava se abrindo para mim e eu estava encantada.

Um dia, conversando com um grande amigo, eu confessei: ainda bem que eu tenho o programa, onde eu consigo me dedicar 10% do meu tempo, e me dá o combustível para aguentar os outros 90%. E aí veio a pergunta: e por que mesmo que os 10% não viram 90%?

(foto: último encontro do programa com o time de consultoras que fizeram parte do projeto– minha despedida)

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"Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu. É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu"